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maio 27, 2025

O Casamento Enganoso

A Comédia Junina de Santo Alegria



A festa estava no auge. Bandeirinhas coloridas tremulavam sob o céu estrelado, e os pares dançavam a quadrilha com alegria contagiante. Toninho, conhecido por suas brincadeiras e seu jeito desenrolado, só queria curtir a festa, beliscar um pouco de pé-de-moleque e evitar qualquer confusão. Mas o destino, ou melhor, o padre Joaquim, tinha outros planos.  


Enquanto dançava com Maria Flor, Toninho percebeu que algo estranho estava acontecendo. O padre, de microfone na mão e sorriso maroto, começou a narrar a quadrilha como se fosse um verdadeiro casamento:  

— Os noivos se aproximam… Trocam olhares apaixonados… E agora, diante de toda a comunidade, estão prestes a dar o grande passo!  


A multidão, já sabendo da pegadinha tradicional do padre, caiu na risada. Mas Toninho suava frio. Como assim “noivos”? Ele olhou para Maria Flor, que também ria, mas havia um brilho diferente em seus olhos.  


— Padre, peraí! Isso é só brincadeira, né? — perguntou, tentando se esquivar.  


— Toninho, meu filho, casamento na quadrilha é tradição! Se quiser desfazer, só se pagar uma prenda! — respondeu o padre com um tom divertido.  


A prenda, claro, era nada menos que um verso improvisado sobre o amor. Mas a plateia já estava envolvida na cena e, entre gritos e risadas, começou a incentivar Toninho:  

— Aceita logo, Toninho! Maria Flor é a moça mais bonita da vila!  

— Se correr, fica pior!  


Diante de tanta pressão, Toninho tomou coragem e olhou bem para Maria Flor. Percebeu que, no fundo, aquele “casamento enganoso” podia ser um sinal do destino.  


Então, com um sorriso astuto, ele pegou o microfone e declamou:  

— Se o padre decidiu, eu não vou correr,  

Pois perto da Flor, é bom demais viver!  

Se é brincadeira ou coisa séria, não sei,  

Mas que essa moça roubou meu coração, eu já notei!  


A plateia explodiu em aplausos, e Maria Flor, emocionada, deu um beijo no rosto de Toninho. O casamento podia ser falso, mas a história que começou naquela noite acabou durando muito além da festa junina.  


E assim, Santo Alegria ganhou uma nova tradição: todo ano, o casal vivia o casamento na quadrilha—agora, de verdade! 


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