O MORCEGO E O RATO
Em uma pequena vila rodeada por
colinas verdes e florestas densas, havia um antigo campanário, que se erguia
como um guardião silencioso das histórias do tempo. Ali viviam duas criaturas
bem diferentes, mas com algo em comum: o campanário era seu lar.
O rato, Nicolau, era uma criatura
ágil e curiosa. Durante o dia, ele explorava cada canto do campanário,
procurando comida, escondendo-se de predadores e descobrindo passagens secretas
que ninguém mais conhecia. Ele se considerava o mestre daquele lugar e tinha
orgulho de saber cada detalhe sobre sua estrutura.
Já Estrela, o morcego, passava os
dias pendurada no alto da torre, descansando em silêncio, e à noite se tornava
livre. Com suas asas fortes, voava por quilômetros, cruzando os campos e
florestas sob o brilho do luar. Para ela, o campanário era apenas um refúgio
temporário entre suas aventuras.
Uma noite, enquanto Nicolau se
preparava para se recolher, viu Estrela retornando de mais uma de suas viagens.
Ele nunca entendia por que a morcega escolhia se afastar tanto, arriscando-se
fora do conforto e da segurança do campanário. Movido pela curiosidade, decidiu
confrontá-la:
"Por que você sempre voa para
tão longe, Estrela? Este campanário já não tem tudo o que você precisa? Eu sei
de todas as melhores rotas para encontrar comida, e nenhum predador consegue me
alcançar aqui."
Estrela, balançando suavemente
enquanto repousava, sorriu e respondeu: "Ah, Nicolau, o mundo lá fora é
tão vasto! Há mais do que estas paredes e corredores. Eu posso sentir o vento
no meu rosto, ver a floresta se mover como um tapete verde e admirar as
estrelas que iluminam o céu. Isso me dá vida!"
Nicolau bufou: "Mas tudo isso
parece perigoso e desnecessário. O campanário me dá tudo o que preciso. Não
trocaria minha segurança por um simples vislumbre de estrelas."
Enquanto discutiam, o céu, antes
claro, começou a escurecer. Nuvens pesadas se formaram, e uma tempestade
inesperada desabou sobre a vila. Relâmpagos iluminavam o campanário, e o vento
uivava como uma fera enfurecida. Um raio atingiu a base da torre, causando um
pequeno desmoronamento. Nicolau, desesperado, correu em busca de abrigo, mas o
lugar que ele sempre chamara de seguro agora parecia traiçoeiro. Estrela,
percebendo o perigo, desceu rapidamente e disse: "Siga-me, Nicolau, confie
em mim!"
Ela usou suas asas para guiá-lo até
uma abertura mais segura no topo do campanário, onde ambos se protegeram. Lá,
enquanto a tempestade rugia lá fora, os dois refletiram sobre o que havia
acontecido.
Na manhã seguinte, com o sol
brilhando novamente, Nicolau disse: "Obrigado, Estrela. Eu nunca teria
conseguido sem sua ajuda. Talvez eu tenha subestimado o valor de enxergar além
do que está ao meu alcance."
Estrela respondeu com ternura:
"E eu, Nicolau, percebi que o conhecimento detalhado do que está ao redor
pode ser tão valioso quanto enxergar o horizonte. Somos diferentes, mas é isso
que nos torna fortes."
A partir daquele dia, o rato e o
morcego se tornaram amigos inseparáveis, combinando suas habilidades para
explorar e proteger o velho campanário, tornando-o não apenas um abrigo, mas um
lugar de aprendizado mútuo.
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